Sabores da Infância
Ontem fui ao mercado da Vila que me viu crescer.
Fui e, pela primeira vez, levei o pequeno pela mão, como fizeram comigo tantas vezes.
Fui eu, ele e a minha mãe. Senti-me outra vez criança.
Hoje para além das flores que ia buscar, parei para comprar arrufadas, na mesma mini-roulote, como fiz tantos domingos da minha infância/adolescência e que faz parte das minhas memórias, desde sempre.
Souberam-me, exactamente, ao mesmo, o que é maravilhoso. Para além disso, souberam-me a casa.
É raro isto acontecer. Quantas e quantas vezes, os regressos aos paladares da infância acabam em enormes desilusões. Seja porque o nosso paladar mudou ou porque o que mudou foi a própria receita.
Foi assim com os croissant de chocolate que a minha mãe me trazia quando ia a Alcobaça, com os bolos esquimó, com chocolates Marujinho, com o Tulicreme.
Mas há alguns que ainda hoje me enchem o coração, que fazem as minha papilas gustativas delirar e viajar no tempo.
A canja da avó, os rebuçados Flocos de Neve e o leite com Mokambo, que me transportam até às férias e fins de semana em casa dos meus avós maternos. Transportam-me às manhãs sentada à mesa de pequeno-almoço, que o meu avô preparava para os netos, com todo o cuidado.
A minha avó paterna fazia o melhor Pudim de Ovos e o melhor Pão de Ló, em forno de lenha.
Já aqui partilhei as receitas de ambos, não são os dela (até porque levam muito menos açúcar), mas sempre que faço uma destas receitas, sabem-me a colo, a cuidado e a mimo.
Ontem foi um dia feliz.
Espero que, daqui a uns anos, seja o meu pequeno a ter estes déjà vu e a ter imensas memórias felizes. ❤️
Nota: A foto foi retirada da página da Pastelaria Lérias, que faz estas delícias.