As compras conscientes, as compras locais e as compras de alimentos inteiros e a granel terão, cada vez mais, peso no momento da compra.

Citando uma nutricionista de que muito gosto, a Dra. Simone Fernandes, e que está a ministrar um curso de alimentação vegetariana que recomendo mesmo, "devemos descascar mais e desembalar menos".

A verdade é que é muito mais prático (contra mim falo) comprar uma embalagem de alface já lavada e escolhida, que até tem mais do que uma variedade de alface, do que comprar uma alface inteira, que temos de lavar, de escolher folhas antes de a acondicionar. No entanto, se olharmos para o custo de uma ou outra, facilmente, percebemos que a embalada tem um peso maior quer no custo financeiro, quer na pegada ambiental, por isso, as primeiras alterações que temos de fazer são na forma como compramos os nossos alimentos.

Depois teremos, também, de tomar consciência da importância de usar o alimento no seu todo.

Estou a ler o livro do Antoine Bourdain, chamado "A Cook’s Tour: Em Busca da Refeição Perfeita", ele exalta a capacidade de alguns países, em que se inclui Portugal, de utilizar os alimentos na sua totalidade, quer em relação aos vegetais, quer aos animais. Os nossos antepassados aprenderam a cozinhar todas as partes dos animais, desde os cortes nobres às vísceras. Porquê? Porque teve de ser, porque a escassez e a fome ditavam que fosse impensável o desperdício, o descarte de qualquer alimento.

Se eu passo a comprar a alface inteira mas descarto 50% da mesma, não estou a ser sustentável, quer ambiental quer financeiramente. É importante perceber que todo o alimento deve e pode ser utilizado, vamos utilizar os caules ou as folhas mais rijas ou menos apelativas para uma sopa, um caldo de legumes.

Uma das coisas que me ajuda, neste processo, é chegar a casa e preparar a maioria dos legumes e frutas, acondiciona-los em recipientes próprios e utilizar a maioria dos descartes nas sopas, os caules de couves, bróculos, das alfaces. Deixei, também, de descascar alguns alimentos (idealmente biológicos), como por exemplo as cenouras, as courgetes, as abóboras.

As cascas de fruta são óptimas para sumos e para chás (manga, abacaxi, papaia/mamão), as outras frutas é comer com casca, bem lavadinhas, se possível biológicas (nos mercados tradicionais conseguimos encontra-las com preços muito mais interessantes do que nas grandes superfícies).

(Continua..)

Nota: este post já vai muito longo e para não ser demasiado maçudo, amanhã sai a segunda parte.

A fotografia foi a primeira que encontrei no telemóvel com legumes!